A Segurança da Salvação - Jo 10.25-29
A Doutrina da Salvação é de vital importância para nós, visto que, em primeiro lugar, ela faz parte da obra de Cristo; e, em seguida, por ela afetar a nossa paz e o nosso bem-estar. Muitos irmãos vivem em dúvida, ansiosos, temerosos por dar algum passo errado e em decorrência vim a perder a sua salvação. Para estes é que eu dedico estas linhas. Para ajudá-los a alcançar a paz de que um crente verdadeiro jamais poderá perder a salvação (releia o nosso texto base).
Estaremos então examinando alguns versículos que nos falam dessa certeza, aqueles que são usados para combatê-la, bem como a base bíblica contra eventuais abusos e desvios desta doutrina.
Assim, convoco ao leitor a manter a Bíblia na mão para que possa conferir cada versículo citado, colocando-me a disposição para sanar toda e qualquer dúvida a ela inerente.
Um Crente verdadeiro não pode perder a Salvação.
Primeiramente, temos que entender que toda Bíblia gira em torno da Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Assim sendo, qualquer doutrina que não estiver conectada a ele é deficiente, carente de verdade, não passando de um mero artigo de fé humana desprovido de vitalidade. Portanto, devemos relacionar toda doutrina da Palavra de Deus à Pessoa do Senhor Jesus - inclusive a Doutrina da Salvação.
Caso nós nos considerarmos ao centro da doutrina da salvação, estaremos envolvidos com nossas limitações, incertezas e derrotas. Mas, se Cristo for a fonte, o objeto e o centro da nossa salvação, experimentaremos segurança, paz e alegria. A Palavra demonstra, claramente, que nossa salvação depende d’Ele e que a nossa parte se reduz em apenas crer nesta verdade.
Textos bíblicos para se ter em mente:
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”. (Hb 7.25)
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; e jamais perecerão, e ninguém poderá arrebatá-las da minha mão. Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; ninguém pode arrebatá-las da mão d’Ele”. (Jo 10.27-29).
Note, principalmente que:
É Cristo quem conhece as Suas ovelhas e lhes dá a vida eterna
Elas jamais perecerão - Esta frase pode ser traduzida literalmente do grego como “de maneira alguma perecerão”; ou “ainda não se perdem eternamente”.
“Os passos do homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele se deleita no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão”. (Sl 37.23,24)
“Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus..”. (Ef 2.5-8).
Este versículo não faz qualquer alusão a necessidade de perseverança ou esforço pessoal da nossa parte para a manutenção da salvação que recebemos. Ao contrário, ensina que nossa salvação, de maneira nenhuma depende de nós; é obra de Deus do começo ao fim. Não é chamada nas Escrituras de “a Salvação de Deus?” (Lc 3.6; At 28.28).
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm 8.1)
crente está “em Cristo Jesus”. Esta é a sua posição - uma posição tão segura quanto Cristo. Para roubar-nos nossa salvação, alguém teria que, primeiramente, destituir a pessoa de Cristo no céu!
“... quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”. (Jo 3.3-7).
Esta passagem, tão conhecida, não diz que nós devemos nascer de novo várias vezes. A Bíblia jamais sugeriu a idéia de alguém que nasceu em Cristo vir a morrer e ter que nascer de novo uma segunda vez de modo rotineiro e repetitivo. Isto é uma dedução ilógica e não bíblica.
“Todo aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas todo aquele que rejeita o Filho não terá a vida, pois sobre ele permanece a ira de Deus”. (Jo 3.36)
Não existe nenhuma condição para se receber a vida eterna, além da fé no Filho de Deus. Observe que esta vida é eterna - a vida comunicada ao crente perdurará por toda a eternidade. Alguns tentam fazer-nos crer que se desobedecermos (demasiadamente) perderemos esta vida eterna. Este versículo, definitivamente, não diz isso! Não o leiamos como se dissesse: “O que desobedece perderá a vida eterna”.
“E aos que justificou, a esses também glorificou”. (Rm 8.16-30)
que poderíamos dizer desta bendita passagem? Como descrever um resumo tão claro da obra de Deus em nossas vidas? Somos Seus filhos (v 16-21); Seus santos (v 27) e Seus chamados (v 28)! Note que o crente já é visto como glorificado. O verbo está em tempo passado, o fato já foi concluído.
Veja outros versículos: Jo 1.12-13; 5.24; At 10.43; 16.31; 2 Co 5.17-18; Hb 10.11-14.
Um estudo detalhado destas passagens estabelecerá que somos salvos pela graça e não pelos nossos méritos. Não existe sinal de que nossa salvação dependa de algum esforço pessoal e que possa ser perdida. Tal doutrina ataca o fundamento essencial da obra de Cristo e produz amargura e temor no coração dos crentes.
A Outra Face da Questão
Por outro lado, é verdade que aqueles que são salvos devem vivem como santos. Jamais alguém use a nossa segurança como justificativa para a desobediência ou rebeldia. A grande característica do crente verdadeiro é o seu desejo real de obedecer a Palavra de Deus e o seu ódio ao pecado! (2 Co 5.7; Gl 5.6; Jo 15.14; Rm 6; Hb 10.26; 12.1-4; 1 Jo 3.9; 5.18).
Faz-se extremamente importante distinguir-se dois tipos de crentes:
Aqueles que fizeram uma “profissão de fé”, mas que jamais receberam a vida.
Aqueles que verdadeiramente nasceram de novo por meio da fé em Cristo.
Aqueles que demonstram claramente que abandonaram a fé e retornaram ao pecado demonstram que nunca conheceram o Salvador e nem a Salvação os conhece. (2 Pe 2; 1 Jo 2.19).
A Bíblia faz distinção clara entre um crente verdadeiro que vem a “cair” temporariamente em sua vida espiritual, e o apóstata que nunca chegou a receber a vida eterna. Por exemplo, Pedro negou o seu Mestre por três vezes, mas foi, posteriormente restaurado. Contraste-o com Judas que seguiu ao Senhor por três anos, tomando parte dos milagres, etc. Ao tornar-se traidor demonstrou que nunca tivera um relacionamento vivo com o Senhor.
Alguns versículos apresentados para combater esta doutrina
Mateus 24.13: Este capítulo não se refere ao crente e sim ao remanescente judeu nos últimos dias. Seu cumprimento se dará muito depois do arrebatamento da igreja. O verso 13 que diz “Aquele que perseverar até o fim será salvo” refere-se aos eleitos judeus dos versículos 22-31. Este versículo não se refere aos crentes desta nossa dispensação. Porém caso queiramos aplicá-lo aos crentes, isto não significa que o crente verdadeiro pode perder a Salvação, pois apenas o crente verdadeiro poderá perseverar até o fim, pois a perseverança provém do Espírito Santo que habita nele.
Coríntios 15.2: Como em Cl 1.23; Hb 3.12-14, este versículo tem a conjunção “se”. Na Bíblia, o “se” nunca é aplicado quando o propósito de Deus está em foco. Por exemplo, Ef 1.1-13 não ensina que Deus nos escolheu em Cristo desde a fundação do mundo “se” fomos fiéis até o fim. Deus usa a condicional “se” quando Ele coloca a nossa profissão sob teste. Tais “ses” não causam temor no crente, mas desafiam, unicamente, àqueles que rendem serviço para Deus da “boca para fora”. Assim sendo, o Apóstolo Paulo usa esta palavra para com os coríntios, colossenses e hebreus devido a afastamento da verdade por parte deles. Os coríntios afastaram-se na sua vida cotidiana, e os colossenses e hebreus corriam o risco de se afastarem da sã doutrina. Eram eles filhos de Deus ou apenas imitadores? Certamente havia os dois grupos. Assim, estes “ses” colocam a profissão em fé e não sugere a perda da salvação por parte dos crentes verdadeiros. É obvio que uma pessoa possuidora de vida divina e cuja posição é “em Cristo" guardará fielmente a Palavra do Evangelho e o abandonar das verdades bíblicas apenas indica que nunca possuiu a vida de Deus.
Coríntios 13.5: Os coríntios são fruto do serviço de Paulo, contudo alguns deles duvidavam do seu ministério e buscavam provas para o seu apostolado. Assim ele exorta-lhes a verificarem suas próprias profissões de fé e deseja que eles não sejam reprovados.
Gálatas 5.4: Os gálatas haviam retornado à Lei como norma de vida. Eles misturaram graça e Lei, Judaísmo e Cristianismo, por isso foram exortados severamente. Haviam dito que receberam a salvação e o Espírito Santo na base da fé e graça (Gl 3.5) mas, depois, haviam retornado aos rudimentos da Lei (4.9) e, daquele modo, à escravidão espiritual. Expressando o seu temor, Paulo os adverte que, retornando à Lei como norma de vida, estavam desprezando o princípio da graça no qual o Evangelho coloca aqueles que crêem. Buscando a legalidade, eles ficavam destituídos de todos os ganhos advindos de Cristo como se tivessem separados dele (Gl 5.4). Como “decaídos da graça” privavam-se a si mesmo da alegria e da liberdade espiritual que a graça traz ao crente. Caso persistissem naquela direção, expor-se-iam como meros hipócritas que nunca haviam abraçado o Evangelho da graça de Deus.
1 Pe 2.1: Esta passagem não fala sobre conversão ou regeneração, ao contrário se refere a falsos mestres que não possuem vida. Em que sentido então o Senhor os resgatou? Devemos saber que Deus possui reivindicação dupla sobre os homens - Como Criador e como Redentor. Embora Ele sempre os detenha como Criador estes falsos mestres nunca reconheceram os seus direitos adquiridos como Redentor, e, conseqüentemente, não se submetem à sua autoridade. Recusando-se a dar valor ao grande preço que Ele pagou por eles, não aceitam Sua obra concluída na cruz e, por sua perversidade moral e doutrinária, negam Seus direitos como Redentor.
1 Pe 2.20-22: Aqui não se refere às ovelhas de Cristo. Ao contrário, se refere aos que aceitam a Cristo com a cabeça e não com o coração (Rm 2.18-24). Não possuindo a vida de Cristo, eles voltam à imundície, sendo o seu estado pior que o primeiro. Tais pessoas nunca foram ovelhas, não passando de cães reformados e porcas lavadas, e mais cedo ou mais tarde retornam à sua natureza. 1 Jo 2.19 descreve uma classe similar de pessoas: “Eles saíram de nosso meio, mas nunca foram dos nossos.”
1 Pe 3.17: Esta exortação é dirigida aos crentes verdadeiros para que permaneçam na verdade e não permitam que sejam arrastados pelos erros dos "insubordinados”. Um cristão pode ser influenciado pelo erro e chegar, até mesmo, temporariamente, adotá-lo, abandonando a verdade. Ele pode durante um certo tempo decair de sua posição de firmeza aqui na terra; mas sua posição segura em Cristo, nos céus, não depende de sua própria firmeza, mas sim da grande salvação de Deus.
Mas e se alguém pecar?
Temos visto que o cair é do homem e o levantar é de Deus, assim toda vez que nós pecarmos temos em mente que possuímos um advogado a nos defender e que o Sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.7; 2.1).
Isto nos remete aos dois instrumentos de purificação do velho testamento
primeiro na figura do altar de bronze destinado ao pecador e que nos fala do terrível juízo de Deus sobre o pecado e todos quanto os pratica.
segundo na figura da pia de bronze que era destinado aos sacerdotes que se contaminavam com a poeira do deserto e que necessitavam de ser limpos antes de ministrarem o ofício do Senhor.
Aí vemos que nós que já passamos pelo altar de bronze (na cruz de Cristo quando na nossa conversão) e fomos feitos sacerdotes para a casa do Senhor muitas vezes somos contaminados pelo mundo ficando com as nossas vestes manchadas, mas nós recorremos a água da vida, a Palavra de Deus, para sermos limpos e assim obtermos permissão para entrarmos no Santuário de Deus, e termos comunhão com o Nosso Senhor Jesus.
Conclusão:
Toda vez que eu adiciono alguma condição à Salvação além daquela apresentada na Palavra de Deus - A fé em Jesus - eu diminuo o valor do sacrifício de Jesus, transformando-o em um simples elemento, e fazendo-o deixar de ser suficiente para salvação do que crê.
Deus permitiu que este tema fosse abordado logo nos primórdios da Igreja para que mais tarde pudéssemos rejeitar todo e qualquer julgo que fosse imposto como regra de fé ou meio de salvação. Ë necessário que tenhamos em mente que a Salvação é pela graça de Deus e nada que eu faça, nenhum fruto das minhas mãos pode auxiliar-me nesta questão.
Todo julgo, todo costume apresentado como regra de fé é retornar a Lei, e se eu anulo a obra plenária de Cristo na cruz, então eu me torno culpado na lei. Assim, só terei salvação se eu a cumprir em toda a sua extensão.
Logo, faz-se necessário que tenhamos em mente que a carne só produzirá obras e o Espírito frutos. É claro que quando aceitamos Cristo como Salvador, não vivo eu mas Cristo vive em mim e o Seu espírito que habita em mim irá afastar-me do pecado e produzirá frutos de arrependimento. E isto é algo que em mim mesmo, através da carne nunca irei consegui fazer. Aqui vemos que esta reunião é fruto do fanatismo humano, pois se este não existisse, esta questão não seria levantada.
Recomendamos a Leitura da Epístola do Apóstolo Paulo aos Gálatas
Querido amigo cristão tens, em seu coração, aborrecido o pecado? Tens, apesar de muitas vezes sermos falhos (Rm 7.14-25), procurado afastar-se do mal? Então não permita que venham a por em dúvida e risco a salvação que tens recebido em Cristo. Embora seja verdadeiro que Cristo possa perder temporariamente a alegria da salvação e até mesmo afastar-se do seu Senhor por algum tempo, nenhuma ovelha de Cristo deixará de ser o que realmente é: Uma ovelha de Cristo (leia todo o capítulo 15 de Lucas e veja o amor e a dedicação de Cristo em buscar o que é seu).
Que estas simples reflexões possam fortalecer a sua convicção no tocante à salvação oferecida por Deus e que o amigo possa continuar esperando e trabalhando para o seu Senhor com toda paz e confiança.