A SITUAÇÃO E O REFORMADOR LUTERO

06/09/2012 11:43

 

A situação religiosa e econômica da Alemanha no início do século XVI era crítica sob muitos aspectos. Impostos e interferências papais em assuntos de nomeações eram considerados opressivos. A administração dos negócios eclesiásticos pela cúria papal era tida como onerosa e corrupta. O alto clero do país, tanto quanto o baixo, era bastante criticado pelo mau exemplo que dava. As cidades mercantis estavam desgostosas com a isenção de impostos sobre o clero, a proibição de juros, os muitos dias santos e a excessiva tolerância da Igreja com a mendicância. Em  muitos lugares, os mosteiros desvirtuados necessitavam reformas. Suas imensas extensões de terras eram mal vistas pelos nobres, que gostariam de possuí-las, e pelos campônios que nelas trabalhavam. Os camponeses viviam em inquietação econômica, além de pagar aluguéis pelo alto clero. Juntavam-se a estes motivos de intranquilidade o fermento intelectual do nascente humanismo germânico e o agitante despertamento religioso popular, amnifesto no profundo medo e consciência da necessidade de salvação. É evidente, pois, que se estes agravos achassem expressão em determinado líder, sua voz encontratia muitos ouvintes.

Divisões eram insufladas, também, no mundo intelectual alemão pela disputa que envolvia humanistas e conservadores. Quanto esta luta estava no auge, um protesto contra um abuso eclesiástico, feito em 31 de outubro de 1517, e de modo nada usual ou maneira espetacular, por um  monge professor de recentemente fundada e relativamente obscura universidade alemã, alcançou imediata resposta e provocou a maior revolução na história da Igreja Cristã.

Lutero, autor do protesto, é um dos poucos homens de quem se pode dizer que sua obra alterou profundamente a história do mundo. Não era organizador nem político. Movia os homens pelo poder de profunda fé religiosa resultante de inalterável confiança em Deus e relação direta, imediata e pessoal com Ele. Isto trazia segura salvação, que não dava lugar à elaborada estrutura hisrárquica e sacramental da Idade Média.

Lutero nasceu a 10 de novembro de 1483, em Eisleben, onde seu pai era simples mineiro.  Seu pai desejou dar a Martinho Lutero uma educação capaz de levá-lo à advocacia. Em 1501 Lutero ingressou na Universidade de Erfurt, onde foi apontado como estudante aplicado, bom colega e amante da música.

Lutero estava fortemente marcado pelo sentimento de pecaminosidade, que foi a nota tônica do reavivamento religioso da Alemanha da época. No dia 17 de julho de 1505, movido pela ansiedade de salvação da sua alma, ingressou no mosteiro dos eremitas agostinianos. Em 1507 foi ordenado ao sacerdócio. Em 1509 se graduou em 1509.  Dentro de sua ordem teve reputação de pessoa de piedade singular, devoção e zelo monástico.

No entanto, apesar de todo o rigor monástico, Lutero não encontrou paz para a alma. Sua visão, em relação à salvação e comunhão com Deus, foi se aclarando lenta e gradativamente. Salvação alicerçada não sobre obras meritórias da parte do homem, mas sobre a absoluta confiança nas promessas divinas. Em 31 de outubro de 1517, Lutero foi compelido a falar contra um abuso gritante. Desde 1506 havia a “indulgência”, valor que foi utilizado para a construção da nova igreja de São Pedro (Roma). Para Lutero, convencido de que somente uma reta relação pessoal com Deus podia trazer a salvação, tal ensino pareceu destrutivo da verdadeira religião. Em 31 de outubro, Lutero afixou na porta da Igreja do castelo de Wittemberg, que servia para colocar boletins da universidade, suas para sempre memoráveis Noventa e Cinco Teses.

Na inquieta condição da Alemanha, era um acontecimento da maior significação que um líder religioso respeitado, se bem que humilde, tivesse falado ousadamente contra um grande abuso. E elas correram por toda a extensão do império. Lutero não desejava discussão com o papado. Parece que estava certo de que o papa veria, como ele via, os abusos das indulgências. Mas o curso dos acontecimentos não lhe dei outra escolha senão a defesa firme de suas opiniões ou a submissão.