Liturgia

06/09/2012 10:58

 

Introdução

Liturgia é, parte integrante da missão da Igreja de Cristo no mundo. A palavra “liturgia” é de origem grega, e significa, literalmente, “serviço para o povo”. Na Septuaginta a palavra “liturgia” é usada apenas no sentido religioso. No Novo Testamento, a palavra aparece seis vezes.

Em toda história do cristianismo, a liturgia tem sido entendida pelos seguidores de Jesus como sendo uma das tarefas indispensáveis, como o ensino, a pregação, o serviço, o testemunho e o pastoreio. Este entendimento teológico da liturgia permite concluir que, sem liturgia, a Igreja está mutilada, como uma pessoa que não tem um braço ou uma perna.

Pode-se dizer que a história da Igreja é, de alguma maneira, a história da liturgia. No limiar do terceiro milênio da era cristã, faz-se importante pensar sobre como a Igreja irá lidar com a sua liturgia nestes próximos anos, que antecedem à volta de Jesus.

Este trabalho não possui nenhuma pretensão arrogante, querendo fazer um exercício de futurologia, ou impor esta ou aquela forma de liturgia. Antes de mais nada, o que se propõe é comparar modelos de liturgias e apontar algumas diretrizes que devem ser cumpridas não apenas pelo terceiro milênio em si, mas sim pelo fato da aproximação do final dos tempos o qual exige pressa na tarefa de ganhar almas para Cristo.

Refletindo sobre liturgia

A liturgia de uma igreja deve ser consciente de sua base teológica

Antes de fazermos qualquer afirmação sobre liturgia, é necessário saber qual é a sua base teológica. Sobre isso vale dizer:

A liturgia tem base trinitária: O ponto de partida para a compreensão cristã dos atos litúrgicos da Igreja é a doutrina da Trindade. Não há nesse ponto do estudo intenção de tentar expor esta doutrina em detalhes, mas há o desejo de se apresentar a base trinitária da liturgia. Todo culto cristão é, deve, e tem que ser dirigido a Deus Pai, Ef 1.3, pela mediação de Deus Filho, o Senhor Jesus, Cl 3.17, através da iluminação de Deus Espírito Santo, 1 Co 12.3. Quanto ao aspecto triunitário da liturgia, afirma-se que o povo de Deus necessita de orientação no culto público quanto ao que crer com relação a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e de igual maneira que deveres Deus requer do homem, como filho do Pai Celestial e como servo do seu próximo.

A Liturgia da igreja é marcada por um memorial dos atos divinos: Todo culto a Deus é caracterizado basicamente pela recordação dos Seus atos na História. Esta é a diferença fundamental entre os cultos pagãos e o culto ao Deus Eterno na tradição judaico-cristã: nas diferentes formas de paganismo, o culto é realizado com o propósito de manipular a divindade. Na tradição judaico-cristã, o culto é para recordar e celebrar o que Deus tem feito na História. Dt 26.1-11, texto conhecido por muitos como o credo da Antiga Aliança, apresenta claramente este aspecto de relembrar o que Deus tem feito no passado em favor do Seu povo. No contexto da Nova Aliança, a Santa Ceia ocupa o lugar central: é a recordação dos atos salvadores de Deus através da morte e ressurreição de Cristo, 1 Co 11.23-26.

A liturgia é caracterizada pela celebração: Os atos reveladores e salvadores de Deus não são apenas relembrados na liturgia, mais que isso, são celebrados. A alegria pelos atos de Deus é parte integrante da adoração ao Senhor na História. O livro dos Salmos é, em particular, rico neste aspecto, ao apresentar importantes detalhes da alegre celebração ao Deus Eterno, vide Salmos 148 a a50. O Apocalipse apresenta uma celebração cósmica dos atos de Deus, que envolve homens, anjos e até animais, Ap 5.8-14.

A liturgia deve ser inclusiva

Em seus 2.000 anos de história, a Igreja de Cristo tem produzido uma riqueza praticamente indescritível em termos de produção litúrgica. E, pelo menos no Brasil, há um grande desconhecimento da riqueza litúrgica produzida em diferentes contextos culturais nesses dois milênios. A igreja brasileira precisa descobrir os tesouros litúrgicos de outras tradições cristãs.

Isso aponta para a necessidade de se ter uma liturgia inclusiva, isto é, uma liturgia que inclua elementos de outras tradições cristãs, sem contudo anular a nossa liturgia própria, particular do nosso povo. Para que isso aconteça há a necessidade de termos humildade, para admitir que há o que aprender com grupos, que embora diferentes, adorem o mesmo Deus que nós adoramos; coragem, para fazermos algo diferente do que estamos acostumados; e sabedoria, para não deixarmos morrer as características peculiares ao nosso culto.

Diferentes tradições, formadas no decorrer dos séculos, têm prestado sua parcela de contribuição à grandeza da liturgia cristã. Precisamos saber que a nossa liturgia é influenciada pela cultura norte-americana, inglesa e alemã, mas podemos descobrir uma liturgia que seja, de fato, brasileira, incluindo elementos de nossa cultura que vão enriquecer a atividade de glorificar a Deus.

A liturgia deve ser participativa.

Em sua marcha para o futuro, a Igreja não deve esquecer o passado.

Evidentemente, as raízes da igreja e sua missão, que, como já foi dito, inclui a liturgia, estão localizadas em terreno bíblico. A Bíblia Sagrada apresenta o povo de Deus oferecendo ao Senhor uma liturgia tremendamente participativa, na qual crianças, mulheres e homens tomavam parte. Na celebração da Páscoa, a principal festa litúrgica do antigo Israel, as crianças tinham participação ativa, Ex 12.1-6, 24-27.

É preciso resgatar o aspecto participativo da liturgia cristã. É comum haver cultos em que só o dirigente participa, enquanto o povo se limita a assistir. Deus recebe adoração de crianças, Mt 12.14-16, de pobres, de ricos, de rapazes, de moças, de velhos, de todos, enfim, Sl 148.11-13. Recentemente tem-se visto os chamados “cultos jovens”, nos quais, em geral, os adultos não participam, e “cultinhos infantis” para as crianças. Contudo o nosso grande desafio é criar uma liturgia que seja verdadeiramente aberta para todas as idades, na qual todos participem plenamente, sem discriminação de idade. A liturgia da Igreja não deve privilegiar os adultos, como geralmente acontece.

A liturgia deve ser comunicativa

É vital que a liturgia, hoje e amanhã, seja comunicativa. Em outras palavras: é preciso que o povo entenda os ritos litúrgicos que têm lugar no culto ao senhor. Tem havido, muitas vezes, a realização de cerimônias em que pessoas participam (ou assistem), mas não entendem o que acontece. A liturgia precisa ser didática, ou seja, tem que ensinar, transmitir o conteúdo da fé, não apenas através da exposição da Palavra, mas também por seus atos.

Há uma ampla quantidade de recursos que a Igreja pode lançar mão para conseguir uma liturgia que seja efetivamente comunicativa. Com a intenção de comunicar, ensinar, pode-se, por exemplo, trabalhar liturgicamente mais com os sentidos do que normalmente acontece. Geralmente trabalha-se apenas com o sentido auditivo, para ouvir a mensagem pregada e as músicas cantadas. Quando há celebração da Santa Ceia, trabalha-se também o paladar e, evidentemente, a visão. E os outros sentidos? A Bíblia sugere um culto no qual é explorado o sentido do olfato, Sl 141.2; Ap 5.8. O sentido do tato também pode ser usado, 1 Co 16.20. É claro que para que isso aconteça a igreja precisa ter criatividade para renovar e inovar, sem contudo, perder o temor e a reverência ao Senhor.

É interessante, também, procurar fazer uma maior e melhor utilização da simbologia da liturgia cristã. Há uma imensa simbologia na liturgia cristã, a qual é simplesmente desconhecida da maior parte das igrejas do nosso tempo. Vale aqui lembrar que os símbolos têm uma linguagem especial, que comunica mais à intuição, à imaginação, à sensibilidade poética que há em cada criatura humana. Uma liturgia com maior apelo estético pode ser bastante eficiente em sua comunicação, permitindo aos adoradores do Deus Eterno um melhor entendimento do que está sendo feito. Pode-se utilizar, por exemplo, cores e gestos, como lavar os pé, Jo 13.1-14, símbolo da humildade dos discípulos do Senhor Jesus, e muitos outros. Não se deve jamais esquecer que, absolutamente nada pode ocupar o lugar de glória na liturgia cristã, a qual pertence única e exclusivamente a Deus.

A liturgia deve ser terapêutica.

Ultimamente, devido à influência pentecostal, tem sido dada uma grande ênfase ao barulho como parte integrante da liturgia. Muitos pensam que quanto mais barulhento o culto, mais “quente” e mais “espiritual” é a igreja. É preciso, no entanto, lembrar que há espaço no culto a Deus para o silêncio. O momento de oração silenciosa no culto é extremamente significativo: é uma oportunidade para que as pessoas olhem para dentro de si mesmas, e percebam falhas que precisam ser corrigidas e problemas que precisam ser tratados. Assim, há um grande valor terapêutico na liturgia.

Em geral, nossa sociedade tem medo do silêncio. As pessoas quase sempre não querem ficar a sós consigo mesmas. É preciso coragem para fazer isso. Silêncio no culto não é, necessariamente, sinal de frieza ou fraqueza da Igreja. Pelo contrário, é uma chance de experimentar crescimento espiritual no momento de adoração a Deus. Mais tarde, voltaremos a tocar no assunto do silêncio

A liturgia deve ser glorificadora

Ë importante destacar que a liturgia não é um fim em si mesma. A liturgia existe para glorificar a Deus. Com muita sabedoria, o Catecismo de Westminster (adotado pelas igrejas presbiterianas) diz que o fim principal do ser humano é glorificar a Deus e desfrutar com Ele um relacionamento agradável e prazeroso. A glorificação de Deus e o relacionamento com Ele devem estar presentes em todas as dimensões da vida cristã. Mas o culto é uma oportunidade especial para que Deus seja glorificado. A liturgia cristã existe basicamente para isso. O testemunho bíblico é unânime em apontar para a glória de Deus, que deve ser buscada nos serviços de culto, Lc 24.53; Ap 7.9-12; 15.3,4; 19.1-8, etc. O culto é o momento adequado para os fiéis derramarem a alma perante o Senhor com alegria, entusiasmo e liberdade, através de cânticos e orações e dos demais atos litúrgicos.

Esta verdade bíblica deve ser destacada, pois, recentemente, tem-se visto algumas liturgias feitas para glorificar o cantor “estrela”, a banda “gospel”, ou o pregador “poderoso”. Isso é abominação aos olhos do Senhor. Apenas o Deus Todo-Poderoso deve ser glorificado, por intermédio da ação direta do Espírito Santo e em nome de Jesus.

Que a nossa liturgia seja integral em seu conteúdo, contextualizada em sua forma e, acima de tudo, verdadeiramente glorificadora e agradável ao nosso Deus

Formas de Liturgia

Igrejas históricas

Antes do início do culto, o pianista toca um prelúdio enquanto os irmãos entram no templo.

No horário estabelecido, o vice moderador sobe a tribuna, cumprimenta aos irmãos e faz a oração inicial, dando a abertura do culto.

O ministro de música, canta com a congregação dois hinos do cantor e um hino do hinário para o culto cristão.

O pastor da igreja faz a leitura devocional.

O ministro de música canta um hino do cantor cristão com toda a congregação.

O pastor apresenta os visitantes.

Um solo é feito durante o ofertório.

O coral da igreja apresenta um número musical.

O pastor da igreja prega a palavra de Deus e faz o convite as pessoas não crentes.

O ministro de música canta mais um hino com toda a congregação.

O pastor auxiliar faz a oração final e o Pastor da igreja impetra a Benção Apostólica.

Um poslúdio ao piano, enquanto a congregação senta e ora em silêncio.

O pastor da igreja se desloca até a porta principal do templo, para cumprimentar os irmão que estão saindo ordeiramente para os seus lares.

Igrejas Pentecostais

O um obreiro designado faz a oração inicial dando a abertura do culto.

O regente canta três hinos da harpa cristã com a congregação.

É feita a leitura oficial da palavra de Deus por um dos obreiros e a seguir a oração pela leitura da palavra lida e os demais pedidos de oração.

O dirigente do culto distribui oportunidades entre os participantes.

No ofertório um solista ou um grupo musical, ou a banda de música faz a sua apresentação.

É feita uma oração pelo pregador

O pregador faz a leitura do texto em que vai pregar.

O pregador faz a pregação e termina fazendo o convite as pessoas que não são crentes.

O pastor ora pelos novos crentes e também por aqueles que estão enfermos.

O pastor faz a oração final e impetra a benção apostólica.

Para Pentecostal

É feita uma oração inicial e a leitura de uma passagem bíblica pelo dirigente do culto

O trabalho é passado ao ministro de louvor, o qual dirigirá um período de louvor que em média dura 45 minutos. Neste período pode ser incluído a apresentação de alguns grupos e corais

A seguir é feito o ofertório após uma oração para que Deus abençoe aqueles que irão ofertar

São feitos os anúncios pelo pastor responsável

É passada a palavra ao pregador que fará uma exposição que dura de 45 a 60 minutos. Ele próprio fará o apelo e também orará pelos necessitados

A seguir é feita uma oração e impetrada a bênção apostólica

Comparação entre as liturgias

Nós vemos que a liturgia da igreja denominada histórica, que para este trabalho foi analisado o trabalho da Igreja Batista, é de todos o mais rígido e o que oferece menos participação para o leigo. Já na igreja pentecostal a liturgia é a que oferece uma maior participação deste no desenvolver do trabalho.

As duas atitudes irão oferecer pontos favoráveis, como também pontos desfavoráveis.

Na igreja tradicional, o fato do participante do culto passar a maior parte do tempo apenas assistindo faz com que eles percam o verdadeiro sentido da adoração. A adoração deve ser apresentada por todos os presentes, cada um tomando parte ativa no ato da celebração dos feitos do Senhor. O ponto favorável é o total controle, por parte da direção da igreja, do desenrolar do culto

Na Igreja pentecostal existe uma participação maior do público porém esta participação se dá geralmente na forma de oportunidade onde todos cantam, cada um ao seu tempo. Aqui existe um maior comprometimento dos participantes. O ponto desfavorável esta no fato das pessoas sem qualificação que na desculpa de “serem usadas por Deus” dão asas a todo tipo de “meninices” que vemos em muitos púlpitos por aí. O outro ponto desfavorável é o fato da perda do real sentido do louvor, o qual se transforma em uma apresentação onde cada um quer cantar melhor do que o outro e o espírito crítico por parte da platéia comparando e julgando a performance de cada um. Também o costume inicial de cantar-se os três hinos da harpa cristã torna o culto mecânico pois geralmente em um universo de cerca de 500 hinos, apenas meia dúzia são repetidos a cada culto.

Ambas as formas de culto possuem, ainda, um ponto negativo em comum que é a “previsibilidade” do que irá ocorrer. É claro que a deiscência e a ordem devem estar presente na liturgia pois ambas fazem parte do culto racional. Contudo estes fatores não podem ser inflexíveis a ponto de tirarem a liberdade de atuação do Espírito Santo de Deus.

Quando eu era criança e tentava equilibrar alguma coisa, como por exemplo uma faca na mesa, esta sempre tombava de um lado para o outro, de maneira brusca, sempre que eu a levantava tentando achar o seu centro de gravidade. Assim é a ação de satanás, nosso inimigo principal, pois a sua principal atividade é tirar o povo de Deus do ponto de equilíbrio, jogando-o de um extremo ao outro.

Assim em geral vemos no processo litúrgico onde, muitas vezes, facilmente saímos de um ambiente rígido e fechado para uma verdadeira balbúrdia e algaravia realizada em nome do Espírito Santo.

Contudo cremos que o ponto ideal é a existência do canto congregacional, que se é comandado por um ministro de louvor, contudo é executado com a participação de todos os presentes e de maneira flexível, não tendo os louvores que seguirem sempre o mesmo padrão e sequência.

Qual deve ser então a nossa posição na execução do ministério do culto?

O Exercício dos dons e o Ministério do culto

A Ordem no Culto

Existem alguns pontos sobre a nossa posição de crentes reunidos no Santo Nome de Jesus, a respeito dos quais eu gostaria de comentar. Escolho a forma escrita pois ofereço assim maior facilidade de exame, reflexão e até mesmo ofereço maior possibilidade deste comentário ser pesado  à luz das Sagradas Escrituras, facilidades estas que certamente não existiriam caso o estudo fosse ministrado de forma falada como em uma conversa ou estudo livre. Assim convoco a você que estiver lendo estas linhas, que pese tudo o que estiver escrito pelo nosso Livro Maior, para que nada seja dito de mim mesmo.

Antes de mais nada gostaria de mencionar a misericórdia de Deus para conosco ao nos reunirmos no Nome de Jesus. Lembra o prezado daqueles momentos de refrigério e sincera alegria passados na Sua presença? Estes momentos enchem os nossos corações de alegria e torna muito amados aqueles irmãos que participam conosco destes momentos. O vínculo do Espírito Santo é real! E é na confiança que Ele me inspira em amor para com os meus amados é que eu passo a abordar este assunto que me parece ser de suma importância para a nossa real felicidade e vantagem mútua, como também, o que é muito importante, a glória dAquele em cujo nome estamos reunidos.

A Doutrina da morada do Espírito Santo na Igreja sobre a Terra e, por consequência, da sua direção e presença nos cultos, creio não for a grande verdade de nossa dispensação é uma das principais doutrinas que nos distingue das dispensações passadas. A negação disto reflete na apostasia que se reflete em muitas igrejas espalhadas por aí. Creio que existem cristãos mui amados de Deus em todas as denominações evangélicas e desejo ter comunhão com os mesmos. Assim não posso ter comunhão com um grupamento de cristãos  nominais que substituem a ação do Espírito pelas formas pré estabelecidas de cultuar a Deus, ou por qualquer forma clerical. Assim também não poderia de modo nenhum, caso fosse um Israelita no deserto, substituir a presença de Deus por um bezerro de ouro. Que este pecado tenha tido lugar em muitas igrejas ditas cristãs, e que por este pecado o julgamento de Deus esteja tão eminente sobre elas, e da vergonha que sobre nós se bate por termos que nos afastar destas que se dizem Corpo de Cristo e, depois de ter fugido destas é que devemos nos abstermos de voltar a esta posição de autoridade humana e oficial. Autoridade esta que se arroga uma classe de pessoas que na Bíblia é chamada de Igreja Professante e que contribui para apressar o julgamento de Deus sobre a Igreja.

Porém se estamos convencidos da presença do Espírito em nossos cultos, permita-me recordar-lhes que ela se acompanha da presença do Senhor Jesus. E é de uma fé neste fato que nós precisamos. O esquecimento disto é que nos faz reunirmos para cultuar a Deus e disto não tirar proveito para as nossas almas.

Se ao reunimo-nos para estarmos perante Deus nós crêssemos que realmente o Senhor está presente que maravilhoso efeito teria esta fé para as nossas almas! O fato é que como Cristo estava presente com seus discípulos, Ele o está agora em nossos cultos. Se esta presença pudesse ser notada pelos nossos sentidos, que sublime sentimento encheria os nossos corações! Como seríamos dominados por esta presença maravilhosa! Que calma, que atenção, que profunda confiança nEle daí resultariam? Será que pode haver aí precipitação de ações, rivalidade ou agitação se a presença de Cristo e do Espírito Santo fosse assim revelada aos nossos olhos, aos nossos sentidos. E terá esta presença menos influência ou importância por ser tema de fé e não de vista? Será que Cristo e o Espírito Santo estão menos presentes por não poderem ser vistos pelos nossos olhos?

É pobre o mundano e incrédulo que não percebe estas coisas por não as ver! Seremos nós, todavia, igual ao mundo. “Porque onde estiver dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” - Diz o Senhor. Ainda acrescenta em outro lugar: “E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador a fim de que esteja para sempre convosco”.

O que mais nos falta é a fé na presença real do Senhor Jesus e na ação do Espírito Santo. Não houve por acaso cultos em que esta presença se manifesta como um fato concreto? Podia até mesmo haver longo silêncio mas o que eles representavam? Era uma dependência verdadeira de Deus e esperar seriamente nele. Não havia inquietação de saber que falaria ou então, quem oraria, ou o folhear de Bíblias e harpas para encontrar algo conveniente para ler ou cantar, quebrando assim o silêncio. Tão pouco nos importávamos pelo que pensariam a respeito deste silêncio as visitas e assistentes. Deus estava ali! E se alguém rompessem o silêncio era uma interrupção descabida. Quando o silêncio  era honestamente quebrado por  uma oração era uma oração que encerrava os anseios e de todos e expressava o desejo mútuo. Quando era um cântico, havia uma união de cada participante com toda a sua alma, ou ainda, se havia Palavra ela penetrava em todos os corações. Embora cada um dos irmãos pudesse fazer estas coisas era evidente que um só e o mesmo Espírito Santo que os dirigia. Nenhuma sabedoria humana teria estabelecido este programa. Era o Espírito Santo que operava  em cada um por intermédio dos diversos irmãos para resumir  a adoração ou atender as necessidades de todos os presentes. Não estará pois o Espírito Santo presente em nossos cultos? Se de fato o Senhor e o Espírito Santo estão lá, o culto não deve ter nada humano, nada deve ser feito por vontade própria, pré-fixada. Se o Espírito está lá, é Ele quem deverá dirigir o culto. E isto também não significa que todos os participantes tenham que tomar parte ativa na reunião. Isto significa justamente o contrário.

Assim, se o Senhor está presente, ninguém deverá participar do culto exceto no que lhe for indicado pelo Espírito. A liberdade do Ministério está na liberdade que o Espírito possui de usar quem Ele quer e como Ele quer (1 Co 12.11). Nós não somos o Espírito Santo e se a usurpação da direção do trabalho por uma pessoa já é intolerável, imagine quando passamos um culto em que as pessoas agem por liberdade, mas agem por si só sem dar chance para o Espírito atuar? Por outro lado não devemos refrear o Espírito por causa de presença de um irmão. O que devemos fazer é buscar a presença do Espírito Santo e que nada seja feito no culto sem a sua direção. Para outra dispensação havia uma advertência (Ec 5.1,2) e se a graça nos dá livre acesso à presença de Deus, não usemos esta liberdade como desculpa para a falta de respeito, desordem e precipitação. A presença real do Senhor em nosso culto deveria nos encher muito mais de uma santa reverência e piedoso temor (Hb 12.28,29).

Por conseguinte, ser a presença e a ação do Espírito Santo é de suma importância, não devemos a confundir com a presença de Jesus. Uns dizem que o Senhor está presente pelo Espírito não distinguindo uma presença da outra. O Espírito Santo administra e dirige o culto, não é soberano. Jesus é soberano. O Espírito Santo não fala de si mesmo. Mas o Senhor  promete estar, Ele mesmo, onde estiverem dois ou três reunidos em Seu nome. Ele está no meio daqueles a quem Ele se deu a si próprio. O Espírito Santo foi dado, Ele, Jesus deu-se a si mesmo. Isto tem levado muitas igreja a ruína: Substituir a presença e a direção do Espírito pela clerezia humana. O humano nunca substituirá o divino! Também, aceitar esta presença e ignorar a presença do Senhor Jesus no culto seria uma grande perda para a alma. O Espírito Santo é Paracleto, ou seja, o que administra. Em 1 Co 12.4-6 encontramos três coisas: O Espírito, O Senhor e Deus Pai. Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Os servos recebem os dons do Espírito e agem sob a direção deste, mas como servos estão sob autoridade do Senhor que é Jesus. Assim, mesmo sem o querer, podemos substituir a autoridade do Senhor no culto pela do Espírito que não é Senhor, mas administra da parte do Senhor.

A Igreja da Idade Média foi mais além, substituindo a autoridade do Espírito pela autoridade humana.

Note que em Mt 18.18-20 Jesus não fala do Espírito. Trata-se de sua própria autoridade: Dele, do Seu nome, de Sua presença pessoal. Sem dúvida de que tudo é levado a cabo pelo Espírito Santo, mas nós não estamos reunidos em nome do Espírito Santo e nem em volta dEle. Se não pensamos na presença de Jesus seremos obrigados a fazer do Espírito Santo o Senhor. Todavia não podemos possuir a verdade da presença de Jesus em termos a presença do Espírito Santo. Outra verdade é que um culto tradicional, sectário o Espírito estará presente, embora entristecido, mas o Senhor não estará.

Neste culto sectário, os crentes podem ignorar a presença do Espírito Santo, e nem sequer pensarem em Sua influência. Ele então estará assim entristecido, mas Ele não os deixará, não se vai embora, Ele habita no meio da igreja, mas o Senhor Jesus não pode ser encontrado em uma igreja sectária. Não digo na Sua onipresença, pois Ele enche a terra e está em toda parte, mas no caso de reuniões religiosas, ele não prometeu estar em todas, mas apenas nas quais o Seu nome é o centro.

Ah, se tivéssemos o sentimento íntimo de que o Senhor está lá como SENHOR e que nós estamos na CASA DELE. Que segurança, que descanso. Quão livre seria o Espírito Santo para atuar e nos administrar tomando do que é do Senhor para no-lo revelar!

Que privilégio o de reunimos pelo nome glorioso d’Aquele que veio, morreu e ressuscitou, que está glorificado à direita de Deus, que nos enviou o Consolador e que virá nos buscar!

O Senhor, embora corporalmente ausente, encontra-se espiritualmente presente, de maneira positiva e não apenas pelo Seu Espírito Santo, no meio daquele que o seu nome reuniu. Ele está ali e não em outras congregações e que bendita segurança pois, ali, Ele é o Senhor!

A Igreja edificada por dons

Diz-se por aí que qualquer crente é capaz de ensinar na Igreja. No entanto, esta afirmação nega o Espírito Santo . Ninguém é capaz de ensinar nada na Igreja se não receber de Deus um dom especial para isso. Outros, ainda, dizem que qualquer irmão tem o direito de falar durante um culto desde que tenha oportunidade para fazê-lo. Porém, a princípio, ninguém possui este direito. Um irmão pode falar muito bem, mas se não agradar ao próximo em vista do bem, para a edificação espiritual, o Espírito Santo não o qualificou para tal. Quem assim procede, desonra a Deus, entristece o Espírito Santo e despreza a Igreja de Cristo, não fazendo mais do que a sua própria vontade. Como a Igreja de Cristo a Ele pertence, Ele mesmo concedeu dons e somente pelos tais ela deve ser edificada e governada a fim de que a sua atenção não seja mal dirigida e o seu tempo mal empregado, escutando o que não é proveitoso, por muito bem dito que pudesse ser. O Espírito Santo dá dons a quem Ele quer, como Ele quer e os dons que Ele quer. E a união dos santos deveria ser tal que o exercício de um dom por um irmão não deveria atrapalhar a manifestação do dom de outro irmão e que a porta deveria estar aberta tanto aos pequenos como aos grandes. Porém 1 Co 14 não é posto em prática. Nenhum dom deverá esperar a aprovação da Igreja para ser posto em prática. Se é Deus quem o dá, é Deus quem o acreditará e os santos reconhecerão o seu valor. Não confundamos o ministério regular conhecido, aquele que a igreja reconhece como possuidor de algum dom, com o ministério regular exclusivo, onde apenas um irmão pode exercer um determinado dom. Na prática vemos em At 13.1 onde existia em Antioquia 5 pessoas aptas para ensinar: Barnabé, Simeão, Lúcio, Manaem e Saulo. Em todas reuniões a Igreja de Antioquia devia esperar que um destes cinco tivessem a oportunidade de lhes ministrar. Todavia isto não impediu o trabalho de Judas e Silas quando vieram (At 15.32) e assim os doutores reconhecidos foram em maior número.

Assim, quando um irmão pede um hino, lê um trecho ou faz uma oração sem ser usado pelo Espírito Santo, ao tomar tal atitude estaria agindo na igreja como se ele fosse realmente usado pelo Espírito e essa profissão quando não é verdadeira cheira a presunção. Se o irmão sabe o que é comunhão saberá quão é difícil conduzir a Igreja no cântico ou na oração. Dirigir-se a Deus em nome da Igreja ou propor um cântico que seja uma expressão de todos na Igreja exige muito discernimento e íntima direção de Deus.

Deus não designa a todos da Igreja para tomarem parte ativa no trabalho, seja para a Palavra, canto, oração ou direção do culto. Leia que em 1 Co 12.29 e 30 estas palavras não teriam sentido se tais lugares estivessem sendo ocupados por todos. O apóstolo acabara de dizer que Deus havia estabelecido uns para apóstolos, outros para profetas, outros para mestres e outros para operação de milagres. E logo a seguir pergunta: “São todos apóstolos?” Assim, nem todos irmãos eram dotados por Deus, mas que Deus estabeleceu alguns no Corpo para cada função.

Assim, na mesma porção das Escrituras que trata com mais detalhes as soberania do Espírito Santo na distribuição e exercício dos dons na igreja, na mesma porção, cita sempre para provar que Deus estabeleceu a liberdade do ministério na sua Igreja. Neste mesmo lugar é-nos dito que nem todos irmãos possuem dons de Deus, mas que Deus estabeleceu a alguns no Corpo para determinada função.

Ao examinar Ef 4 alguns da possibilidade de agir com 1 Co 12 e 14. Na ausência de tão grandes dons mencionados nesta passagem, pergunto aos tais: Onde nas Escrituras, vamos encontrar outros princípios segundo os quais devemos agir? E se não os há, que autoridade nós temos para agir segundo princípios que não são escontrados ao longo das escrituras? Notai que os dons são dados até a Igreja estar completa. Enquanto Cristo tiver um corpo aqui na terra, conferir-lhe-á os dons do seu amor para alimentar e cuidar deste corpo.

É pois através do trabalho de homens vivos, dados e chamados para este ministério ou serviço, que Cristo cuida e alimenta o seu rebanho, e que o Espírito Santo opera no Corpo de Cristo. É verdade que estes homens tenham profissão, Paulo era fabricante de tendas. Talvez esses homens nunca tenham almejado uma posição oficial na Igreja. Mas eles também são provisão de Deus para a edificação dos santos e chamamento de almas para o Seu Reino. E a verdadeira sabedoria está em reconhecer estes dons e colocá-los onde Cristo os assinalou na Igreja. Fazer isto é reconhecer a Cristo. Recusar a fazê-lo é prejudicarmo-nos a nós mesmos desonrando a Cristo.

Lembramos que os dons foram colocados na Igreja e nós não somos a Igreja toda. Vamos que a Igreja do Senhor tivesse conservado a unidade como o era no tempo dos apóstolos. Mesmo então poderia haver um lugar onde não houvesse evangelista e em outro não houvesse Pastor ou Mestre. Outros lugares, ao contrário, poderia possuir muitos destes obreiros. Mas hoje, com a dispersão do Corpo de Cristo não será mais verdadeiro isto que acabamos de falar, principalmente nas igrejas pequenas que se reúnem para adorar o nome de Jesus. Será que Deus deixou de manifestar a Sua Igreja carinho e cuidado? Será que Deus não concederá a ela os dons que necessita? Mas onde iremos encontrar estes dons? É na unidade do Corpo de Cristo: Temos que aceitar isto!

Todos os Santos de uma determinada cidade formam a Igreja de Deus desta cidade. Contudo, muitos evangelistas, pastores, doutores estão em outras denominações que não na nossa. Que proveito teríamos nós em seu ministério? E como poderão os santos que estão com ele desfrutar os dons que estão em nós?

Ao falar sobre isto quero dizer que se entre os crentes de uma determinada igreja há falta de dons, ou de quem possa exercer algum ministério. Um irmão que o próprio Cristo não tenha capacitado para Pastor ou Evangelista ou Mestre, nunca o virá a ser pelo simples fato de se reunir ali, reconhecendo a liberdade do ministério e a presença do Espírito Santo. E se por falta de restrições humanas, os que não forem chamados para o Ministério se atribuírem tal dom ou posição, atuando como se o tivessem sido chamados, servirá isto para a edificação da Igreja? De maneira nenhuma! Antes, gerará confusão!

Assim sendo, se temos falta de dons, confessemos a Cristo a nossa pobreza. Mas se temos alguns em nosso meio, agradeçamos a Deus e coloquemos estes no lugar para o qual Deus os chamou, orando a Deus para que Ele dê dons e ministérios melhores e mais abundantes. Contudo não pensemos que a atuação de um determinado irmão ao qual Deus não capacitou para tal possa ser uma benção e substituir qualquer um dos dons. Isto só entristecerá o Espírito Santo e o impedirá de atuar por meio daqueles que Ele tem escolhido para a Sua obra.

Isto que eu tenho falado me traz satisfação e conforto pois se a nossa posição não fosse de acordo com as Escrituras, dificilmente tais questões se formariam em nosso meio. Quando tudo está arrumado, regulado por um sistema humano ou quando homens ordenados por um Pastor, convenção ou Igreja, não chamados por Deus, não restando-lhes alternativas senão conformar-se com o seu ofício e rotina prescrita pela regra a qual ele está subordinado, tais questões não tem razão de ser. As próprias dificuldades de nossa posição prova que ela é de Deus. Sim, e que Deus pelo seu Espírito nos levou a elas, por intermédio da Sua Palavra e não só faltará dificuldades, mas Ele nos fará atravessá-las de uma maneira proveitosa para nós e para a Sua Glória. Sejamos humildes, simples e modestos, não querendo mais do que Deus nos tem dado, nem queiramos fazer aquilo para o qual o Senhor não nos qualificou.

Como Podemos Discernir a direção do Espírito no culto

O que não é o Espírito Santo (marcas negativas)

Antes de continuar o assunto, quero deixar bem clara a diferença entre ministério e culto. O culto aqui está em seu sentido mais amplo designando as diversas formas do homem se dirigir a Deus: Oração, confissão, ações de graças, adoração e louvor. A diferença que existe entre o culto e o ministério é que no culto o homens fala a Deus e nos ministério Deus fala aos homens por intermédio de seus servos. O nosso único e plenamente suficiente direito de prestarmos o nosso culto a Ele está na superabundante graça que nos tornou conhecedores de Jesus e que, mais ainda nos tem aproximado dEle, fazendo-nos Reis e sacerdotes para o nosso Deus. Nisto todos os crentes são iguais, desde o mais fraco ao mais forte, do mais experiente e daquele que ainda não passa de uma criança. O mais dotado, o mais forte dos servos não possui mais direito do que o menos dotado ou mais fraco. Agir diferente é formar uma classe especial de sacerdotes (clero) tornando a igreja e o culto em uma instituição humana.

Existe hoje apenas um Grande Sacerdote. Ao lado deste existe apenas um sacerdócio do qual todos os santos são participantes. Assim, em um culto, aquele chamado por Deus para ensinar, exortar ou pregar não é o único que é chamado para indicar hinos, orar, louvar a Deus, ou render-lhe ações de graças, etc. Deus pode usar irmãos para indicarem hinos que sejam a verdadeira expressão de adoração de toda a Igreja, ou para orar exprimindo a Deus os anseios de todos os presentes no culto. E se Deus assim fizer, quem pode contestar isso? Estes fatos não são privilégios exclusivos dos que possuem dons reconhecidos, antes é preciso que todos sejam subordinados à direção do Espírito Santo e que todos estejam em 1 Co 14, segundo o qual tudo seja feito em ordem.

O Ministério é o resultado do depósito individual de cada membro da Igreja, da expressão de um ou vários dons de cujo uso, bem ou mal, ele, indivíduo, é responsável perante Deus. No direito de prestar culto, todos são iguais. Na responsabilidade ao prestar este culto é que somos diferentes. (Rm 12.6 - aí está a diferença entre culto e ministério).

Outro ponto sobre o qual eu quero falar é sobre a liberdade do ministério. Esta liberdade não é apenas no exercício dos dons, mas também no seu desenvolvimento. Isto implica que ao darmos a liberdade de ação ao Espírito não levantemos obstáculos a esta operação, permitindo que Ele a leve até o fim usando quem Ele quer. Assim devemos dar a liberdade para que o Espírito use até mesmo aqueles que Ele não usava antes, dando novos dons à Igreja. Mas, se por um lado a Igreja reúne-se no princípio de deixar o Espírito Santo atuar dando-lhe liberdade de escolher a quem Ele quer, tanto para escolher um hino, falar à congregação ou para orar, deixando o Espírito livre também para exercer os dons, é evidente que haverá precipitação, auto-suficiência por parte de alguns irmãos atuando fora do Espírito hão de dar-lhe crédito pelas suas más ações. Daí a importância em sabermos distinguir o que é e o que não é do Espírito.

Nestas horas precisamos saber o que é o Ministério do Espírito e ministério da carne.

Todo crente possui dentro de si duas fortes de pensamentos, sentimentos, motivos, palavras, ações, que se opõe com todo vigor. As Escrituras as chamam de carne e Espírito. Tudo o que nós fazemos, vem de uma destas fontes. Por isso precisamos distingui-las. É de suma importância que todo crente ao atuar no culto julgue-se a si próprio a tal respeito. Isto é essencial para todo o culto pois somos exortados a provar os espíritos. Por outro lado, a Igreja tem a obrigação de assimilar o que é divino e repudiar o que é carnal ou que proceda de qualquer outra fonte.

É sobre essas provas que eu gostaria de mencionar. Em primeiro lugar o que não é atuação do Espírito Santo:

Não estamos autorizados a fazer nada na Igreja pelo simples fato de termos a liberdade de o fazer. Devido ao fato de não existir obstáculo formal a se opor a qualquer irmão em atuar no culto há a possibilidade de um irmão cuja capacidade se limita a ler, a tomar uma grande parte do culto lendo um capítulo atrás do outro ou cantando um hino após o outro. Isso qualquer menino que saiba ler pode fazê-lo. Poucos irmãos seriam totalmente incapazes de dirigir um culto se a única capacidade requerida fosse saber ler as Escrituras e cantar corretamente os hinos. É muito fácil ler um trecho da Bíblia, mas saber discernir o que convém ler no momento apropriado para o ler é algo muito diferente. Também não é difícil cantar um hino, mas indicar um hino que seja a expressão real da adoração da Igreja, isso é completamente impossível de fazer sem a operação do Espírito Santo. Precisamos saber se quando nos reunimos à Mesa do Senhor é para aperfeiçoarmos nossa leitura e cântico ou para lembrarmos a Sua morte. Lembramos sempre que a liberdade de atuar não nos autoriza a atuar a nosso bel-prazer

Não estamos autorizados a atuar apenas porque outro irmão o faz, evitando o silêncio pelo silêncio. Este pode dar impressão de reverência ou terminar virando rotina. Mas é melhor o silêncio do que fazer algo apenas para interromper o silêncio, sem a atuação do Espírito. Sei que é difícil pensar no que estarão pensando os que não são membros da Igreja diante deste silêncio, temos a tendência a nos sentirmos mal por causa delas. Quando este estado de espírito é normal e habitual devemos pensar seriamente de onde ele provém. Contudo nenhum irmão está autorizado a atuar apenas para quebrar o silêncio.

Nossas experiências e o nosso estado de espírito individual não são guias seguros quanto à ação que devemos atuar na igreja. Pode ser que um hino tenha grande doçura para minh’alma, ou que alguém tenha cantado com grande gozo diante de Deus. Mas será isso suficiente para eu indicar este hino para expressar a adoração da Igreja na primeira reunião que eu participar? Pode ser que ele não tenha a menor relação com o estado atual da Igreja! Pode ser até que o Espírito não queira cantar nada! “Está alguém sofrendo? Ore. Está alguém contente? Cante.” O hino deve expressar os sentimentos de quem canta do contrário este não é sincero. E quem poderá indicar este hino, senão Aquele que conhece o estado atual de toda a Igreja? O mesmo se dá com a oração. Ao orar na igreja eu posso descarregar de pesos e cargas particulares minhas e que de maneira nenhuma o deveria mencionar na Igreja. Se eu o fizesse, talvez o único efeito seria rebaixar meus irmãos ao estado em que eu me encontro. Por outro lado, eu posso estar completamente feliz diante de Deus e o mesmo não acontecer na Igreja. Ou seja, só quando eu me identifico com a Igreja é que eu posso apresentar as suas necessidades diante de Deus. Isto significa que quando eu oro na Igreja, esta oração, de maneira nenhuma, será como a que eu faço em meu quarto onde só estamos eu e Deus, onde  as minhas dores e alegrias são o assunto principal da minha conversa com Deus. Ao orar na igreja minha oração deve concordar com o estado de espírito daqueles de quem eu sou o porta-voz dirigindo-me a Deus em nome de todos os presentes. O nosso maior erro é acharmos que o “eu” ou o que se refere ao “eu” deve guiar-nos na direção da Igreja. Uma passagem da Bíblia pode ter um elevadíssimo interesse para minh’alma e eu posso aproveitar muito dela mas isso não significa que eu deva lê-la diante da Igreja.

Pode um assunto encher o meu coração e não ter absolutamente nada com o assunto que Deus quer falar a todos.

Não estou dizendo que não exista casos que Deus não queira que compartilhemos nossas experiências com a Igreja. Talvez isso se verifique mais amiúde do que nós imaginamos. O que eu digo é que em si mesmo o fato do qual estamos ocupados não é indicação suficiente para o levarmos à igreja. Podemos sentir necessidade que os filhos de Deus em geral não sentem e de igual modo, as necessidades da igreja podem não ser as nossas. Podemos ter a certeza de que o Espírito não indicar-me-á um hino para cantar a Igreja apenas por ele expressar as minhas opiniões particulares. Nm culto os hinos que o Espírito escolher serão a expressão dos sentimentos de todos. Devemos sempre, e em especial no culto, esforçar em guardar a “Unidade do Espírito no vínculo da Paz” e o meio de o alcançar é andar com humildade e doçura, com longanimidade, suportando-nos uns aos outros em amor.

Lembremo-nos que ao cantar, orar, falar, qualquer que seja o porta-voz da igreja, é a igreja que fala a Deus. Assim o culto só será verdadeiro se não ultrapassar este limite. Bendito seja Deus que por seu Espírito pode falar mais alto no culto, dando a ele lugar mais elevado. Mas se isso não acontecer, nada mais enfadonho do que um irmão explodir em alegria quando a igreja está em aflição, ou vice-versa. Aquele que se expressar na Igreja deve ter em si o coração de todos ou tudo soará a falsidade. Por outro lado, se é Deus que atua em nós, Ele não está limitado pelo meu estado de Espírito. Estará sempre mais elevado. Quando Deus nos fala por intermédio de alguém é para acrescentar novas verdades e nos lembrar-mos das que já esquecemos. Mas em ambos os casos é o Espírito quem deve agir.

O que é o espírito (Marcas Positivas)

Todo homem que definir a operação do Espírito no despertar da Igreja e no converter o pecador estaria apenas expressando a sua própria ignorância, negando a soberania do Espírito. No entanto a Bíblia nos dá abundantes sinais que nos permitem saber o que é do Espírito e o que não é do Espírito. Assim ocorre com o que o que eu escrevo. Deus me guarde de tirar o lugar do Espírito querendo definir completamente o seu modo de operar sobre os irmãos a quem Ele dirige no culto ou na atuação de seus ministérios. Em algumas situações a coisa pode ser muito mais clara e sensível do que em outros. Contudo o Espírito Santo nos dá marcas do verdadeiro ministério e é sobre estas coisas que eu quero falar. Há as que se referem à matéria que é objeto do ministério, outras se referem aos motivos que nos impelem a agir e participar atuantemente nas reuniões na igreja. Umas servem  para nós nos auto julgarmos e outras para a igreja nos julgar para que todos saibam o que é e o que não é do Espírito. Estas mostrarão aos que tem dom quando devem ou não atuar.

Que os irmãos use estas para provar o que eu vos digo e que sejam sábios em rejeitar o que não convém a sã doutrina!

Não é com impulsos cegos e pressões inteligíveis que o Espírito fala, antes Ele enche os nossos entendimentos com o pensamento de Deus tal qual a Sua Santa Palavra. Existem dons que não estão ligados à inteligência espiritual, como o dom de línguas quando não há interprete. Este dom era, segundo os olhos humanos, o mais maravilhoso, e os Coríntios gostavam muito de o exercitar e exibir. Contudo o apóstolo os repreendeu por tal prática: Prefiro falar cinco palavras com o entendimento do que dez mil em outras línguas. Não sejais meninos! (1 Co 14.18-20). Assim, quando alguém exerce tal ministério, o que ao menos se deve esperar é que ele conheça as Escrituras e o pensamento de Deus tal qual está em Sua Palavra. Este conhecimento pode estar em alguém que não tenha dom algum de eloquência ou de comunicar aos outros, mas, sem os dons, que tal proveito tem este conhecimento? Um conhecimento aprofundado das Escrituras e o largo entendimento de seu conteúdo são essenciais ao ministério da Palavra. A Igreja não se reúne para ouvir conhecimento humano!

Quando os discípulos saíram pelo mundo fez-se necessário que o seu entendimento fosse aberto. Se Paulo se dirige aos Romanos como capazes de exortarem-se mutuamente era porque eles tinham conhecimento (Rm 15.14). A ação do Espírito Santo no culto nunca está fora da Palavra (2 Co 6.6-7; Ef 6.14-17; 3.4; Cl 3.16; 1 Tm 4.6; 4.13,15,16; 2 Tm 2.2,15; Tt 1.9). Assim, não é através de pequenos fragmentos da Verdade que a Igreja é edificada. Os irmãos por meio dos quais o Espírito fala são aqueles que estão habituados a meditar na Palavra de Deus (Hb 5.14).

Todavia este conhecimento não chega. É necessário que a Palavra seja aplicada à consciência dos santos de maneira que responda as suas necessidades. Para isso ou precisamos aprender a conhecer o estado destes através de conversas com os mesmos (e este conhecimento sempre será imperfeito e limitado) ou então será diretamente dirigido por Deus (este sim, será completo e perfeito para o fim a que se destina). Só Deus é capaz de fazer que os seus vasos encontrem a porção da Palavra exata que pode atingir a consciência e responder à necessidade de cada alma presente e só Ele pode torná-los capazes de apresentarem esta verdade de maneira que ela surta efeito. Deus conhece tanto as necessidades de cada um em particular como da Igreja como um todo e dar ao que fala o que convém falar, conheçam ou não eles o estado da Igreja. Por isto é necessário estarmos sujeitos ao Espírito do Senhor sem reservas.

Uma coisa que deveria distinguir sempre o ministério do Espírito é o amor intenso e pessoal para com Cristo. “Amas-me?”  Foi a pergunta de Cristo antes de dizer: “Apascenta o meu rebanho”. Paulo diz que o amor de Cristo nos constrange. Como isto difere de todos os demais motivos que possam nos influenciar! Quão importante seria se pudéssemos dizer: “Não é para me salientar, nem por força do hábito, nem impaciência que me leva agir, mas sim o amor por Cristo e por seu rebanho, por causa d’Aquele que adquiriu com preço de sangue. Era certamente isto o que faltava ao mal servo que escondeu o talento do seu Senhor.

Assim, qualquer ação na Igreja impulsionada pelo Espírito Santo sempre possui essa responsabilidade para com Cristo. Será que após cantarmos um hino, lermos a Palavra ou orarmos, alguém nos perguntar sobre o que nos levou a fazê-lo, será que podemos dizer sinceramente que foi única e exclusivamente porque eu tinha a certeza absoluta que era o que o Senhor queria? Que era a vontade do Senhor? Era esta a intenção do Espírito naquele momento? Foi o Mestre o Senhor que assinalou aquilo que eu fiz? Ou, ao invés, atuamos nós sem responsabilidade para com Cristo? Isto não significa que se fale apenas segundo as Escrituras, se bem que isto seja verdade, isto significa que devemos ser Deus falando naquele momento. Se não estou plenamente certo que é Deus que me usa e que o momento não é oportuno devo ficar calado. Ë evidente que um crente sincero pode enganar-se, mesmo cheio de boas intenções, mas para isso é que os santos devem julgar, segundo a Palavra de Deus, tudo o que vêem ou ouvem. Aliás, só a convicção sincera diante de Deus de que foi Ele que te deu algo, que deve fazer alguém fazer algo durante o culto. Se nós agíssemos assim, isto seria um excelente obstáculos a muitas coisas. Veja a convicção de Paulo (1 Co 9.16,17; 2.3). Que censura a presunção que tantas vezes se apodera de nós!

Lembremos também que Deus nos tem dado um Espírito de moderação. É possível que um servo de Deus tenha pouca ou nenhuma ciência humana, faltar-lhe tudo e que ele seja completamente incapaz de expressar-se de maneira correta e inteligível e que, não obstante, seja um bom servo de Jesus Cristo. Mas é necessário que ele tenha um espírito de moderação e de bom senso. E permita-me dizer de certas confusões que são feitas na Igreja e que muitas vezes vemos até nas orações: Quando alguém levanta uma oração dirigindo-se a Deus Pai como se Ele tivesse morrido na cruz, e ressuscitado, ou dirigir-se a Jesus agradecendo-lhe por ter enviado o seu Filho para morrer na cruz, pergunto-me: Será que o Espírito Santo é que está inspirando tais orações...

Faz-se necessário então que todo aquele que toma parte ativa no culto careçam de bom senso para não fazer tais confusões. Creio que nenhum irmão crerá que Deus o pai tenha morrido na cruz, nem que Jesus tenha enviado o seu filho ao mundo! Portanto, onde estará o Espírito sereno e inteligente que deve caracterizar os que são canais do Espírito Santo quando a linguagem destes exprime o que não crêem e que seria chocante de crer?

Veja certos defeitos de orações as quais certamente não podem provir do Espírito Santo:

Quando um irmão ora e diz “meu Deus”, isto certamente não provém do Espírito Santo pois o Espírito identifica-se com todos os irmãos a quem aquele se dirige como porta-voz.

Quando uma oração encerra longas exposições doutrinárias também não vejo nelas efeito do Espírito Santo. Aquele que ora fala a Deus e não aos homens. Ora, será que devemos pregar a Deus?

Será que o Espírito Santo obedece sempre a mesma ordem, por exemplo, será que um culto deverá sempre terminar na oração e que após a benção todos devem realmente sair pois o Espírito nunca terá algo mais para a Igreja após a mesma? Sem dúvida, uma oração final é conveniente e tem o seu lugar, se é o Espírito Santo  quem nos leva a ela. Caso contrário vira formalidade e não valerá mais do que uma rotineira liturgia.

Observações sobre a dependência mútua dos crentes nas reuniões.

Em primeiro lugar devemos nos lembrar que tudo o que é feito em um culto deve ser fruto da comunhão. E isto que dizer que ao ler uma passagem, não deverei perder muito tempo folheando a Bíblia para encontrá-la. Todavia, admitindo minha maior ou menor intimidade com a minha Bíblia, é preciso que o Espírito haja posto em mim o que devo ler. De igual modo ao solicitar um hino não deverá ser cantado porque penso que a hora de cantar chegou e por isso devo procurar na harpa um que me agrade. Pelo contrário, é necessário que a medida que eu me familiarize com o hinário, o Espírito Santo me tenha recordado um cântico e me leva a indicá-lo. A imagem de meia dúzia de crentes folheando a harpa e a Bíblia a cata hinos e passagens convenientes é tão subversiva quanto possível do verdadeiro caráter de uma reunião de edificação mútua, na dependência do Espírito. Pode acontecer, sim, que devido a um conhecimento muito imperfeito da minha Bíblia eu tenha necessidade de procurar um capítulo que o Espírito tenha posto em meu coração. Ocorrendo o mesmo em relação a um hino. Mas está clara que esta deve ser a única razão ao nos fazer folhear a Bíblia ou harpa quando reunidos na dependência do Espírito Santo.

Assim, quando vemos um irmão abrir a Bíblia ou harpa ficaríamos logo a saber que ele o faz com intenção de ler uma porção bíblica ou indicar um hino. Assim a passagem de 1 Co 11.33 impedirá a qualquer outro irmão a agir na reunião até que este primeiro irmão concretize a sua intenção ou dela desista. Isto nos leva a meditar sobre a dependência mútua.

Neste capítulo que eu referi, não se trata, para a Igreja em Corinto da questão do ministério, que é tratada no capítulo 14, e sim da Santa Ceia do Senhor. Todavia a desordem moral da Igreja em Corinto possuía a mesma raiz em ambos os casos. Os Coríntios não discerniam o Corpo e por isso cada um estava preocupado consigo mesmo, isto é, os mais responsáveis comiam primeiro antes de distribuir aos outros irmãos. E o resultado: Uns embriagavam-se e outros tinham fome. O demônio do egoísmo produzia frutos tão monstruosos que tornavam-se visíveis até as sentimentos naturais. Ora, se vou ao culto e não faço outra coisa senão pensar no capítulo que lerei, no hin0 que cantarei e na Palavra que darei o “Eu” se torna o centro de meus pensamentos e preocupações. Ë como se igual aos Coríntios eu comesse sozinho e meu irmão que não pode arrumar uma ceia para si fosse embora com fome. É na unidade do Corpo de Cristo que nos reunimos. Assim o pensamento de nosso coração não é a parte que eu hei de participar no culto, e sim a bondade e a graça de Deus que nos confiou a guarda do seu Espírito, o qual não deixará de indicar a cada um de nós a ação que lhe convém sem que nós venhamos a ter a menor preocupação a este respeito. Cada cristão é membro do Corpo de Cristo - a Igreja e se os Coríntios soubessem disso, certamente o que tinha comida esperaria por aquele que nada tinha e teria repartido com eles. De igual modo eu como membro do Corpo e tendo conhecimento de quão humilde é o lugar que eu ocupo Nele, guardar-me-ei de precipitar-me, o que poderia impedir a atuação de outro.

E se eu tenho algo a dizer da parte de Deus, lembrar-me-ei de que outros também podem estar recebendo o mesmo chamado e deixarei tempo para que eles atuem. E se algum irmão tem um livro aberto, esperarei que ele leve a cabo o que está sendo chamado a fazer e não me apressarei em impedi-lo de fazer. E no Cp 14 quando os profetas tinham alguma revelação imediata, deviam submeter-se uns aos outros que quando um falava, quando outro recebia alguma revelação o primeiro deveria calar-se e dar oportunidade a este... Tiago também nos ensina a esperar uns pelos outros (Tg 1.19).

Também o propósito da nossa reunião é a edificação e é sobre isso que Paulo discorre no Cp 14. No Cp 12 vemos a Igreja submetida a Cristo em virtude da morada do Espírito Santo que distribui os dons segundo lhe apraz. Este capítulo termina com a lista dos dons que Deus colocou na Igreja com seus diversos serviços e lugares para utilidade de todo o Corpo. Se por um lado somos exortados a procurar os melhores dons, é-nos mostrado um caminho mais excelente que é o amor (Cp 13), sem o qual, os melhores dons são reduzidos à nada, e que este amor deve regular o exercício dos dons para que o resultado seja realmente a edificação. Este é o tema do Cp 14. Sendo o dom de línguas o mais maravilhoso aos olhos humanos, os Coríntios gostavam de exibi-lo. Ao invés do amor procurando edificação era a vaidade se mostrando. Os dons eram do Espírito e aqui há algo muito sério à considerar: O dom do Espírito manifestado para o Seu serviço pode ser separado da direção do Espírito no exercício destes dons. Esta direção do Espírito Santo só pode existir onde o “Eu” é crucificado, onde Cristo é tudo para a alma. O propósito do Espírito não é jamais o de glorificar os pobres vasos que os contém, mas sim a edificação da Igreja e a glorificação de Cristo de quem estes dons procedem. Que formosa abnegação do Apóstolo Paulo que tendo os todos não procurava se mostrar, mas sim exaltar o Senhor e edificar a Igreja (1 Co 14.18-19). Quanto poder existia na pena para dizer “que tudo se faça para edificação” e mais “Assim vós também uma vez desejais com ardor dons do Espírito, procurai abundar neles de tal modo que seja para a edificação da Igreja”.

Além disso, todo servo deve ser fiel e para isso deve atuar segundo a instrução do seu Senhor, daí a importância de saber que se eu atuo na Igreja, faço com plena, séria e íntima convicção de que o faço segundo a vontade de Deus (Rm 12.3). A medida da minha fé deve ser a medida dos meus atos.

Deus ao dar-lhe a medida da fé terá cuidado para que os seus servos saibam o que fazer. Em vista disto, apenas a plena convicção de que é a vontade de Deus que eu haja desta forma é que me autoriza a fazer algo no culto ou em qualquer outro lugar. Contudo, para que ninguém abuse deste princípio, Deus ensina que quando um falar, os outros julguem o que está sendo dito, o que vem por um freio a este tipo de abuso, É a minha própria alma que deve julgar se realmente é o Senhor que me chama agir, mas logo assim que eu tenha atuado é a Igreja que cabe julgar e na maioria dos casos eu devo me submeter a este julgamento. Com efeito, raras vezes um crente que tenha sua ação desaprovada continuará atuando na Igreja. Se Deus me chama a falar, Ele mesmo disporá o coração de meus irmãos para que receba o meu ministério. Se é o Espírito que me leva a atuar, esse mesmo Espírito que habita nos outros membros da Igreja e Ele responderá nos corações dos crentes de maneira positiva ao meu serviço. Assim se quando eu falo, ao invés de edificar a igreja me torno um incômodo, um enfado, eu devo admitir que me enganei em minha decisão e que não tinha sido chamado pelo Senhor a atuar.

Todavia, suponhamos que a não aceitação do ministério de um irmão esteja no estado espiritual da Igreja e não no do irmão que atua. Suponhamos que este irmão esteja tão evoluído espiritualmente que a Igreja não possa receber e nem apreciar o seu serviço. Neste caso, que não é muito freqüente, pode ser que este irmão ainda tenha que aprender algo com o seu Mestre que ensinava segundo o que eles podiam aprender, ou precisará um pouco do Espírito de Paulo que “foi ter como uma ama de leite que acaricia os seus próprios filhos”. E se apesar desta ternura e cuidados o seu ministério não for bem recebido isto certamente será uma prova de fé. Mas como também o propósito de todo ministério é a edificação, e a Igreja não é edificada pelo que não consegue receber, de nada vale impo-lho. Neste caso não é forçando a articulação a funcionar que estaremos melhorando o estado do corpo. É lamentável, mas a única forma de consertarmos uma articulação é dando-lhe repouso completo, enquanto procuramos restabelecer a saúde do restante do corpo.

Além do que, exercer um ministério que não é recebido devido ao lamentável estado da Igreja só irá piorar as coisas, aumentando a irritação e piorando ainda mais este estado. O tal servo do Senhor saberá, então, que ou convém calar-se ou, quem sabe, talvez o seu Mestre queira fazer você compreender que o seu ministério deve ser exercido em um outro lugar.

Contudo, após o que falo, é bem provável que o nosso inimigo comum, coloque um espírito de crítica nas reuniões. Ele sempre quer trazer os servos de Deus de um extremo para o outro, de modo que se antes existia indiferença quanto ao que se fazia no culto, agora tomemos a atitude arbitrária. Que Deus nos guarde! Nada pode ser pior para o trabalho de Deus do que um espírito de censura e crítica. Não nos reunimos para saber se um irmão age ou não segundo o Espírito. Reunimo-nos para a edificação mútua. Claro que quando a carne se manifesta ela deve ser julgada, mas coisa triste e humilhante é discerni-la e julgá-la assim ao invés de gozar a plenitude do Mestre.

Guademo-nos de um espírito de julgamento. Há dons diferentes, inferiores e superiores, e nós sabemos quem é Aquele que deu mais honra aos membros a quem este dom faltava. Os atos de um irmão não são todos carnais por ele dar as vezes lugar à carne. É necessário julgar a natureza de nosso dom e o seu alcance. Quanto à última, não êxito em afirmar que muitos não são reconhecidos por ir além da sua medida, Rm 12.6. Tudo que vai além deste limite provém do “Eu” e quando o homem se sobressai à igreja, esta sente e todo o dom é rejeitado. Isto porque o irmão não se conteve no limite do dom. É por isso que sua carne o domina e tudo o que ele fizer será atribuído à carne. Assim, se o dom de alguém é ensinar e ele começa a exortar não edificará. Ë, aliás, impossível que ele edifique e peço a atenção neste ponto a todos os irmãos que tem o dom da palavra e que não recebam este ensinamento de seus auditores.

Esta palavras são direcionadas a todos os que exercem algum ministério para que não condenemos um irmão em tudo o que ele venha a fazer por acharmos nele algo da carne. Saibamos distinguir o que provém do Espírito e o que provém de outras fontes.

Assim, na Mesa do Senhor, não se deve escalar apenas um irmão para distribuir o pão ou distribuir o vinho, pois isto seria dogmatizar. Contudo ninguém deve partir o Pão ou distribuir o Vinho sem dar graças (Mt 26.26,27; Mc 12.22,23; Lc 22.19; 1 Co 11.24) e em 1 Co 10.16 este cálice é chamado de cálice de bênçãos. E se ele não se sente chamado por Deus para dar graças, pergunto-me se é Deus que o chama para partir o Pão e distribuir o Vinho.

Também devemos tomar cuidado ao separar aquele que realizará um trabalho ostensivo na Igreja (1 Tm 3; Tt 1). Quando o Apóstolo diz que ninguém despreze a sua juventude, ele mesmo alerta para que Timóteo não seja neófito. Isto significa então que a juventude é um pretexto para atuar aquele que não possui os dons necessários para atuar. Antes o jovem deve ser submisso e não governar, veja a bela lição de 1 Pe 5.5.

Então, o que é agir no Espírito? Muitos podem supor que é uma inspiração momentânea, e esta, geralmente não passa do próprio “Eu” ou imaginação. É incorreto imaginar a atuação do Espírito no culto como um presidente que sentasse em um trono e fora dos crentes, apossando-se repentinamente de alguém para atuar. Não existe nada semelhante a isso na Palavra de Deus desde a decida do Espírito Santo. De Jo 7 à 1 Jo 2 vemos cerca de cinqüenta operações do Espírito e nada tem o menor traço desta presidência. No outro extremo está os princípios do clero que elegem um único homem à fazer tudo na Igreja, fazendo da Igreja uma república democrática sob a presidência do Espírito. A interpretação de 1 Co 12.11 leva a esses extremos. Ora, quando o Espírito Santo dá um dom à alguém, é de uma vez por todas, ou apensa quando Ele quer operar? Claro que é uma vez por todas!

A idéia de o Espírito Santo tomar alguém como uma mola levantando-a a fazer algo no culto é errada, e não possui base bíblica. Por isso um irmão pode edificar a Igreja com um dom ou ministérios recebidos há cinqüenta anos atrás. Um irmão quando atua não deve dizer que foi o Espírito Santo que o levou a atuar. Este julgamento cabe à Igreja. O amém o confirma!

Em 1 Co 14 vemos que não era apenas pelo Espírito, mas deveríamos saber escolher o momento oportuno afim de edificar a Igreja. Quando se falava em línguas era sinal para os que estavam fora, não edificava a Igreja e o apóstolo dizia que se não houver intérprete então cale-se.

Um irmão que fala sempre, edifica a Igreja? Se a resposta for sim, então este irmão tem o testemunho do Espírito. Mas se não edifica, segundo 1 Co 14.22, este irmão deve calar-se. Nisto se resume a questão. Neste capítulo, o Espírito nos fala que nada, absolutamente nada, deverá ser feito senão edificar a Igreja, que seja hino, palavra, oração ou qualquer coisa.

Assim, se um irmão ora e a igreja não está ligada a ele, ela não dirá amém!

Pergunto o que vamos fazer no culto? Viemos adorar a Deus! O que sair deste plano não provém do Espírito!

Acerca da Evangelização, o evangelista é um indivíduo e não a Igreja. Isto também e um Ministério. Não falo aqui da liberdade de cada um em pregar o evangelho, mas do compromisso de o pregar!

Também, o mesmo se dá com a oração.

Assim, se algum irmão não possui este dom, não deve tomar o culto todo para si. Deve dar a chance para que o Espírito use outros irmãos, tomando o cuidado com o princípio radical de que todos devem falar! E que tais irmãos tivessem de calar-se para que outros falasse!

Quem adora não é apenas quem faz a oração! Todos os presentes são adoradores!

Vemos ainda em Paulo e Barnabé dois homens que após o Senhor levar ao ápice da vida espiritual fez-se necessário que o Espírito Santo os separasse, enviando-os a lugares diferentes. Por isso eles, quando estavam em um culto ou uma praça não se interrogavam se deveria ou não falar. É para isso que eles estavam ali!...

Quando mais tarde Paulo em Troas falou durante muito tempo, que pensaríamos nós se alguém dissesse que ele tomou muito tempo?!

Tomei este exemplo como princípio pois nem todos são como Paulo. Feliz é o crente que sabe reconhecer o Senhor quando receber algo para o bem de todos. Q.v.: Ef 4.11,12; 1 Co 12; 16.15 a 18; 1 Ts 5.12,13; Hb 13.17